Pular para o conteúdo principal

Resposta à Folha de S. Paulo: PSDB não é renovação

Que a Folha de S. Paulo desde sempre trabalha com manchetes tendenciosas e de interpretação ambígua, isto nós sempre soubemos. Desta vez, no entanto, vemos o jornal sair do padrão e utilizar de seu jogo de palavreado para atacar um movimento em ascensão: o ainda pequeno – porém surpreendentemente forte – movimento monarquista.





A matéria inicia com uma descrição de uma decoração supostamente luxuosa de um “salão de pé direito-alto” para dar a entender um velho estereótipo da monarquia – um sistema de aparente ostentação e privilégios. A Folha chega a dizer que o ambiente do encontro tinha “ares aristocráticos”, que, apesar da clara tentativa de usar pejorativamente a definição de aristocracia (um exemplo da ambiguidade em sua metodologia descritiva), era a mais pura verdade. A aristocracia é a eunomia do governo de poucos. Sendo o contraposto de oligarquia, a aristocracia é o governo dos bons governantes, onde somente aqueles que são capacitados e especializados em suas funções podem exercê-las. Apelidar os monarquistas de aristocratas é o mesmo que reconhecer suas virtudes estadistas.
Em seguida, a matéria insinua algo ainda mais dotado de desinformação: o motivo das discussões sobre as eleições presidenciais acontecerem é a ausência de uma corte imperial no governo do Brasil. Dom Pedro II, em seu longo reinado, criou o cargo de Presidente do Conselho de Ministros que nos dias atuais seria equivalente ao de chefe de governo – que no presidencialismo é o Presidente da República. O Pres. do Conselho de Ministros era um deputado escolhido pelo imperador constitucional D. Pedro II, de acordo com o resultado das eleições, dando ao partido vencedor na Câmara dos Deputados o comando do gabinete do império. Em outras palavras, apesar de ser um sistema diferente, eleições presidenciais existiam no império e a discussão sobre elas sempre foram presentes.
Na matéria, Dom Bertrand analisa o cenário eleitoral brasileiro e opina sobre o candidato que, na visão de S.A.I.R., pode vencer caso “tiver coragem de tomar posições claras nessas matérias [valores familiares, liberais e patrióticos]”: Geraldo Alckmin. Ele ainda diz temer “salvadores da pátria”. Isto foi o bastante para a Folha logo insinuar que S.A.I.R. estaria acenando (em sentido de insinuação, indicação) Alckmin. Para fortalecer a suposta tese de interação da Casa Imperial com o PSDB, a matéria ainda destaca a presença de Eloisa Arruda, secretária de Direitos Humanos de João Dória (ainda realçam o partido, PSDB, entre parênteses) na reunião. Se a matéria buscasse realmente informar sobre os princípios de boa ordem da monarquia – e não tentar desqualificar o movimento com uma suposta interação com o PSDB – informaria que Arruda não possui partido e que sua presença no local não se devia a uma conexão com o PSDB.
Diferente do viés imposto pelo jornal, a monarquia é suprapartidária e não vê em nenhum partido ou candidato a presidência uma real renovação. A república no Brasil sempre foi uma sucessão de golpes que apenas trocam as oligarquias que desgovernarão o país. Não queremos partidos, queremos democracia, unidade, fraternidade e boa ordem. O PSDB não é renovação: é o PT em versão moderada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise da candidatura de Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Há monarquistas que sempre apresentam uma eventual constituição de um partido monarquista como uma possível saída para o impasse da restauração – hoje dependemos da boa vontade do congresso republicano para que tenhamos qualquer relevância no cenário político nacional. Mas será esse o caminho?          S.A.R. Dom Luiz Philippe de Orleans e Bragança, sobrinho de S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança (atual chefe da casa imperial), teve pré-candidatura a deputado federal anunciada pelo Partido Novo. A candidatura gerou uma ruptura entre o movimento monarquista: há quem defenda e quem não considera uma boa notícia.          Antes de detalhar a análise é importante dizer que Dom Luiz Philippe não é membro dinástico da Casa Imperial, ou seja, não pode herdar o trono. Como ele mesmo diz, já nasceu livre de qualquer compromisso com a agenda da realeza, apesar de apoiar uma restauração da monarquia por vias democráticas. Essa liberdade lhe foi conferida pela renúncia de S.A.R. Do

A imbecilidade do monarquista brasileiro

Se você faz uso da imagem bem construída de uma monarquia imaculada - onde os homens eram nobres, a classe política era honesta, o país era desenvolvido, a fé era respeitada e vivíamos em um período de vitórias consecutivas - tenho uma triste notícia: você é um boçal, um imbecil manipulado que foge de uma doutrina correndo de costas incessantemente atrás de outra que te faça sentir menos idiota. Em g rego, idios quer dizer “o mesmo”. Idiotes , de onde veio o nosso termo “idiota”, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga pela sua pequenez. Olavo de Carvalho O professor Luiz Gustavo Chrispino desabafou no seu último vídeo do canal Vlog do Professor sobre o comportamento que notou em grupos de monarquistas em que participou. Ele cita que monarquistas em geral estão mais preocupados em saber coisas fúteis como quem será a esposa de Dom Rafael ou qual será a capital do império. No entanto, sabemos que antes de escrever um texto devemos concebê-lo em nossa me